sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Manifesto

Manifesto
   
    Olá para todos. Estou aqui para dizer algumas palavras que são resultado de alguns pensamentos meus, e que não posso mais guardar para mim. Peço a todos que me escutem, e ao mesmo tempo, peço que pensem. Estou aqui para fazer um manifesto! Manifesto contra ou a favor de quê, vocês se perguntam. Um manifesto contra o marasmo, um manifesto a favor da inquietude. Vocês já pararam pra pensar o quanto reproduzimos práticas que nem mesmo sabemos porque as fazemos? Pois é senhores, eu pensei.
    Pense nas religiões. Porque os cristãos pensam que só eles estão certos quanto a Deus, e que só eles herdarão o reino do céus? Pois é, eles pensam. Então  dois terços  da humanidade não está apta para conhecer a glória de Deus?  Caramba! Muita gente então vai morrer! Peraí, se Deus disse que ninguém vai morrer sem antes conhecer a sua Palavra, então o mundo tá longe de acabar, pois essa gente toda tem que ser evangelizada ainda. Pobres Maias, estavam errados... e ainda foram pro inferno. Viva, o mundo não acaba em 2012! Ainda vou poder conhecer Dubai! Não sou cristão, não sou judeu, não sou espírita, não sou islamita, budista e nem zoroastrista. Sou tudo e nada.
    Interessante essa dialética do tudo e do nada. O não ser do que é! Muito louco isso, pois estou aqui querendo dizer para vocês não aceitarem sem pensar muito bem no que está instituído. Então, se o que digo para vocês se se tornar uma prática instituída, logo estou falando exatamente contra o que estou falando a favor!!! Nossa, a dialética é bem louca mesmo! É ao mesmo tempo o que não é! Vou antecipar o pensamento e vou logo dizendo, se minhas ideias se tornarem práticas instituídas, e se o que estou fazendo aqui exercer algum efeito e vocês começarem a reproduzir o que penso, então deixo logo um outro manifesto: libertem se de mim!!!!!!!
    Interessante o poder. Alguns dizem que é quando uma pessoa pode dominar outra, ou outras. Outras pessoas dizem que o poder não é, ele está, está na fala, no discurso. Alguns também afirmam que o poder é potência de ação. Caramba, quanta coisa pode-se dizer que é o poder! Sabe o que eu acho? O poder é tudo isso, o poder é plural, o poder é o que move a humanidade, é o desejo freudiano, é o Dasein fenomenológico, é o reforço comportamental, é o tônus vital da psicomotricidade. Resta então sabermos o que fazemos com o  poder. Acredito piamente que todos nós estamos em uma condição de poder e ao mesmo tempo estamos submetidos a ele. Olha a velha dialética aí de novo... fala sério. É aquela questão do comportamento governado por regras, da teoria comportamental. Vivemos sob regras que governam o nosso comportamento, e essas regras são aprendidas em nossa história de vida, através das pessoas com as quais convivemos. Ora, se não podemos viver sem ser controlado por regras, ao menos podemos então escolher sob quais regras vamos viver! Volto então àquela primeira questão, você já questionou algum dia sobre quais  as regras você se submete? Já questionou qual o poder que é exercido sobre você? Eu sei que é difícil, pois nem sempre o poder está claro.
    Claro está para vocês o poder que exerço nesse momento: estou falando e vocês estão ouvindo, a atenção de vocês estão voltadas para mim, mas a minha atenção não está voltada para vocês. Então silêncio e me escutem direitinho, caladinhos! Chato isso né? Pois é, mas o mundo diz isso pra gente o tempo todo. Nos mandam calar a boca, ouvir e fazer exatamente o que as práticas de boa vizinhança requerem.
    Não entendo o conceito de liberdade. Quando dizem que o ser humano está condenado a ser livre, ele já não é mais livre, pois a própria liberdade já lhe é imposta! Fato: nós não somos livres. Até mesmo porque, se fôssemos, e fizéssemos tudo o que viesse em nossa cabeça, em algum momento estaríamos restringindo a liberdade do outro, pois nem sempre o que é bom pra mim é bom pra você não é mesmo? Questiono também o que dizem ser a verdade. Não gosto da verdade. Sinto muito senhoras e senhores, mas a verdade não existe. Concordo com Maturana, as coisas só existem sob o ponto de vista de um observador. A verdade é individual, cada um tem a sua. Ora, então por definição não é verdade!
    Enfim senhoras e senhores, o mundo é assim: não vai acabar em 2012, a verdade não existe, os evangélicos têm muito trabalho a fazer, não somos livres e o poder está sempre aí. Estamos sim, vivendo em uma Sociedade de Controle, loucos para consumir. Essas são minhas ideias, e digo à vocês: libertem-se de si mesmos!

    Almir Melo

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